segunda-feira, 4 de junho de 2012

Projetos tentam preservar tubarões e cavalos-marinhos em Pernambuco

 O Globo Mar foi a Pernambuco para falar de duas espécies carnívoras que frequentam as águas da cidade de Recife, tão procuradas por surfistas, turistas e banhistas. São bichos que, quando encontram o homem, na imensa maioria das vezes levam a pior: tubarões e cavalos-marinhos. Nós conhecemos o trabalho de pesquisadores, cientistas pernambucanos, que estudam maneiras de melhorar a relação entre o homem e essas espécies.
Pernambuco é o estado que concentra o maior número de acidentes com tubarões. Depois vêm São Paulo e Maranhão nessa estatística. O maior número de casos ocorre com surfistas, um pouco mais da metade. Mas entre os banhistas as consequências são mais graves: 70% das vítimas morreram.
A nossa jornada não nos leva muito longe. A ideia do projeto é ir onde estão os tubarões que causam os acidentes com banhistas e surfistas. Por isso, a equipe do Globo Mar vai a bordo de um barco da Universidade Federal Rural de Pernambuco que navega praticamente em frente às principais e mais movimentadas praias do Recife.
O grupo de pesquisa lança dois espinheis ao mar, cada um com quatro quilômetros. O espinhel é um aparelho de pesca formado por uma extensa corda onde se prendem linhas com anzóis. Os pesquisadores usam peixe prego e moréia como isca.
Toda essa operação é feita durante o fim de semana, porque é quando a praia fica cheia de gente. A tentativa de capturar tubarões tem a dupla finalidade de evitar um eventual acidente com banhista ou surfista e de fazer o rastreamento por satélite dos animais. “Essa técnica de pesca do espinhel com longas linhas carregadas de anzóis foi introduzida no Brasil na década de 50 pelos japoneses e eles testaram primeiro aqui mesmo no Recife, em Pernambuco. E hoje essa técnica pode utilizar também anzóis diferentes para finalidades diferentes”, aponta o professor José Carlos Pacheco.
José Carlos explica a diferença entre dois tipos de anzóis: um, mais comum, em formato da letra ‘j’ e que fera bastante o animal, e outro, com formato circular, que não fere o tubarão.
O programa mais conhecido de prevenção de ataques de tubarões utiliza redes. “O problema na utilização das redes é que, além do tubarão, vão vir outros animais. Vem tartaruga, golfinho, toda uma fauna aquática associada à costa”, critica o professor.
Os pesquisadores terminam de lançar a garateia e voltam no dia seguinte para conferir se algum tubarão ficou preso a ela.
Projeto tenta salvar os cavalos marinhos da extinção
Enquanto os tubarões não aparecem no Recife, vamos atrás de outro carnívoro do mar. Seguimos pelo Rio Ariquindá, no município de Tamandaré, a cerca de 80quilômetros ao sul do Recife, e chegamos a um mangue, o habitat natural do cavalo-marinho. A turma do Projeto Hippocampus trabalha no local há dez anos. Seu foco é o frágil cavalo-marinho, nas duas espécies encontradas no Brasil: Hippocampus Reidi e Hippocampus Erectus.
A Dra. Rosana explica que o cavalo-marinho fica a cerca de 50 centímetros da superfície. O animal vive, em média, cinco anos e, durante todo ciclo de vida, permanece dentro do manguezal. Uma informação surpreende: ele é um animal carnívoro e seu prato favorito é o camarão.
“Ele é completamente indefeso, tem deslocamento lento. A cauda ajuda no impulso, embora a força da natação seja dada pela nadadeira dorsal. O cavalo-marinho é feito um camaleão. Ele normalmente toma a cor de fundo, escuro, pardo, para se proteger, se camuflar”, explica a especialista.
“Em média, um cavalo-marinho adulto pode produzir 700 filhotes a cada gestação, mas apenas 3% sobrevivem”, informa a Dra. Rosana. “O fato de o macho ser o que fica grávido inclusive é uma curiosidade. De todo reino animal, o que se conhece que macho engravida é somente na família do cavalo-marinho”.
Durante nossa conversa, Dra. Rosana encontrou um peixe ainda mais raro do que o cavalo-marinho: o peixe-cachimbo. “O peixe-cachimbo também é da família do cavalo-marinho, é um cavalo-marinho esticado. Ela nada na posição horizontal enquanto o cavalo-marinho nada na vertical. Como o cavalo-marinho, são os machos que engravidam. Os ovos ficam dentro de uma membrana e ficam expostos à água, a qualquer condição ambiental. No caso do cavalo-marinho, os ovos ficam fechados dentro da bolsa encubadora e não têm contato nenhum com o meio ambiente”, explica.
Depois da nossa visita aos cavalos-marinhos, voltamos aos tubarões, voltamos a bordo do Sinuelo. Já são dois dias de buscas e, até agora, o rei do mar não deu o ar da graça.
O professor Zeca, como é conhecido, carrega uma mala preta em que é possível monitorar o tubarão. “Ele coleta informações da temperatura do ambiente, a profundidade e também o deslocamento do animal através de latitude e longitude”,
O animal após ser capturado é embarcado, a bordo furam a dorsal do tubarão para colocar uma marca de monitoramento via satélite e depois soltam o animal.
Uma das explicações para a região de Recife ter tantos acidentes envolvendo tubarões é a própria característica geológica do local. “Paralelo à praia a gente tem um canal profundo. A 300 metros da praia, eu tenho uma profundidade de oito metros e para ele é mais confortável. E você vai ter também um grande aporte de material orgânico que a gente tinha aqui, como, por exemplo, o matadouro. Jogava uma grande quantidade de sangue no estuário de Jaboatão. Depois você vem e constrói o Porto de Suape. Como houve um aumento do trafego marítimo bem como a degradação do estuário La em Suape, então, ele já não pode utilizar mais aquele ambiente para reprodução e vai ter que se aproximar mais para cá”.
Toda essa pesquisa mostrou para os pesquisadores que em Recife não tem tubarão. Em Recife, aparece tubarão. E para que ninguém saia ferido, nem o tubarão, a saída é sinalizar as praias e educar as pessoas.
Depois de quatro dias tentando capturar o tubarão no Recife, os pesquisadores pegaram somente dois bagres. E já que o tubarão não veio até o Globo Mar, o Globo Mar foi até o tubarão.
Ernesto Paglia mergulha com tubarões em Fernando de Noronha
De Recife seguimos para Fernando de Noronha. O arquipélago, onde justamente onde tem mais tubarão, quase não há registro de ataques. Em Noronha, 400 quilômetros mar adentro, há muito mais tubarões do que lá na costa. Mesmo assim, todos os anos milhares de turistas vão nadar e mergulhar nas águas azuis do arquipélago, e não há registro de acidentes.
Durante dois dias, nossa equipe mergulhou em Fernando de Noronha atrás do tubarão. No primeiro dia, encontramos um cação lixa ou lambaru e um tubarão dos recifes. Tubarão é o de menos. Vimos também diversos outros predadores, como uma moréia imensa cara.
O Fábio Borges já fez cerca de quatro mil mergulhos em Fernando de Noronha e já viu tubarão incontáveis vezes. “No mergulho autônomo, esse de cilindro, o que a gente mais vê é o tubarão bico-fino, ou tubarão de recife. Tem também o tubarão-lixa, que é aquele que fica normalmente deitado debaixo das pedras. E mais próximo da costa, normalmente em mergulho livre, a gente vê bastante tubarão-limão”, revela. “Não tem nenhum relato, nenhum comportamento minimamente agressivo nem nada do gênero”.
É justamente porque tubarão tem fama de bonzinho em Fernando de Noronha que os turistas fazem fila para ver o bicho de perto.
Acredito que seja por conta da preservação, aqui é um local preservado então, a gente não tá no cardápio do tubarão né (é verdade) é, acredito que o que acontece lá em recife é um acidente justamente pela ação do homem né que de alguma maneira desequilibrou o meio ambiente e fez com que ele, os tubarões atacassem né. Os banhistas e surfistas né. Pq aqui não acontece justamente por causa da preservação. (bacana, bacana, vai mergulhar amanhã de novo?) Vou amanhã de novo. Vou procurar amanhã um tubarão maior pq o de hj era pequeno, po, o de hj era desse tamanho. Rs (o pessoal não se satisfaz com pouco não, exigente. Valeu gente, obrigado hein, bons mergulhos pra vcs, tchau. Bacana, tubarão pra todo gosto)
No segundo dia de mergulho, nosso barco foi cercado por golfinhos, um poderoso competidor do tubarão. Aí não podemos mergulhar. A legislação ambiental impede que se mergulhe com os golfinhos.
O cenário do maior número de acidentes com tubarões no Brasil, Pernambuco, é também o lugar onde o bicho é mais estudado e respeitado. Os pesquisadores e a população conhecem melhor os animais a cada dia que passa e aprendem a conviver com os riscos e a riqueza que o tubarão representa no seu litoral.

Fonte: http://g1.globo.com/platb/globomar/2012/04/20/projetos-tentam-preservar-tubaroes-e-cavalos-marinhos-em-pe/ 

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