segunda-feira, 11 de junho de 2012

'Peixe-robô' é potencial arma da ciência contra a poluição marítima



Nas águas rasas do porto de Gijón, no norte da Espanha, um peixe grande e amarelo atravessa as ondas. A cena seria comum se o peixe não fosse feito de fibra de carbono e metal.
Trata-se do robo-fish (peixe-robô), a mais recente arma da ciência contra a poluição marítima.
De forma autônoma, o equipamento rastreia contaminação nas águas e notifica agentes na costa. Na Espanha, diversos robo-fish estão em fase de testes, para avaliar sua capacidade em se tornar futuros "guardas" marinhos.
"A ideia é monitorar a poluição em tempo real, para que, se alguém despejar químicos (na água) ou se houver algum vazamento, possamos agir imediatamente, descobrir a causa do problema e impedi-lo", explica Luke Speller, cientista-sênior de pesquisas do BMT Group, de consultoria em tecnologia.
A empresa é parte do consórcio Shoal, um grupo financiado pela Comissão Europeia (braço político da UE) para desenvolver os robôs.
"No momento, nos portos, eles estão obtendo amostras (da água) uma vez por mês", diz Speller.

Inspiração na natureza

O robô, que mede 1,5 metro, é maior do que um peixe real, mas imita seus movimentos.
"Ao longo de milhões de anos, peixes evoluíram para um formato hidrodinâmico, e tentamos copiar isso no robô", conta Ian Dukes, da Universidade de Essex, que também faz parte do consórcio. "Sua barbatana é muito útil em águas rasas, especialmente em locais com muitos dejetos."
O aparelho usa um banco de dados de microeletrodos para identificar a contaminação, incluindo metais pesados como cobre, além de monitorar os níveis de oxigênio e sal na água.
Os testes em curso em Gijón visam ajudar os cientistas a finalizar o design dos robôs. A expectativa é poder comercializá-los nos próximos anos.
"No futuro, também queremos que os robôs sejam capazes de fazer várias tarefas, como buscas e resgates, monitoramento de mergulhadores, ao mesmo tempo em que investigam a poluição", afirma Speller.

Custos e obstáculos

Os protótipos custam atualmente o equivalente a R$ 60 mil reais, mas Speller diz que esse custo deve baixar se o equipamento puder ser produzido em maior escala.
A bateria é um obstáculo importante: no momento, o robô tem de ser recarregado a cada oito horas.
Para Richard Harrington, da Sociedade de Conservação Marinha, se o equipamento superar esses desafios, pode ser uma arma importante.
"Portos e estuários são locais de difícil monitoramento de poluição, porque em geral há um longo período de tempo entre a coleta de amostras e a análise de laboratório", diz. "Um aparelho operado remotamente pode ser despachado rapidamente em ambientes de água rasa, permitindo uma resposta rápida para que se tomem decisões mais rápidas."

Fontes:
Rebecca Morelle
Repórter de Ciência da BBC News, em Gijón (Espanha) http://www.bbc.co.uk/

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